Olga Cezimbra, de 73 anos, veio de Soure, Marajó, para realizar o exame.
Com o Enem, ela conseguiu certificado do ensino médio e quer o superior.

Olga, de 73 anos, e a filha Cláudia realizaram neste domingo a segunda etapa do Enem 2012. (Foto: Gil Sóter/ G1 PA)
Nunca é tarde para realizar sonhos. A máxima rege a vida de Olga Cezimbra que, no alto de seus 73 anos, está confiante de que um de seus maiores desejos será alcançado em breve: ser advogada. Neste domingo (4), ela concluiu a segunda etapa da prova do Enem e pretende concorrer a uma vaga para o curso de direito. "Tem que ter força de vontade", diz a senhora, ao lado da filha, Cláudia Renata Gonçalves, que também fez o exame.
Olga terminou a prova de domingo contente com o seu desempenho. "Minha procupação, quando ela decidiu fazer as provas, foi a duração: as provas são muito cansativas. Mas ela se saiu melhor que eu ano passado!", conta orgulhosa Cláudia, que quer prestar vestibular para farmácia.

Candidata
da melhor idade, Olga recebeu ajuda de dois agentes e também uma versão
"gigante" da prova para que ela pudesse ler o exame sem dificuldade.
(Foto: Gil Sóter/ G1 PA)
Por ter mais de 65 anos, Olga fez a prova com o auxílio de dois agentes, que a ajudaram na hora de preencher o cartão-resposta. "Eu ia dizendo para eles qual era a alternativa e eles marcavam para mim", conta. Além disso, a senhora fez a prova em sala especial e também recebeu uma versão "gigante" da prova. "Como tenho problema de visão, sou muito míope, eles me deram uma prova impressa em letras grandes, o que me ajudou bastante", diz.
Olga veio do sul do país para o Pará há quase 20 anos, quando casou-se com um militar paraense. Formada no já extinto curso de magistério, ela perdeu os documentos que comprovavam seu histórico escolar durante a mudança. Ano passado, o problema foi resolvido: Olga prestou o exame do Enem e conseguiu pontuação para emitir o diploma de ensino médio. "Ela fez a prova, tirou média cima de 50% de acerto e conseguiu o certificado", explica a filha.
Este ano, Olga voltou a realizar o exame, desta vez para pleitear uma vaga no ensino superior. "Escolhi direito porque tenho um amigo advogado em Soure e ele tem muitos livros sobre leis, que eu nunca cansei de ler", conta.
O apreço de Olga pelo conhecimento a acompanha há tempos. Ela lembra que por muitos anos recebeu em sua casa no Marajó jovens estudantes que vinham de cidades como Tomé-Açu, Abaetetuba e Barcarena para estudar em cursos de curta duração no campus da Universidade Federal em Soure. "Eu acordava eles: 'vamos levantar, que é hora de estudar'. E preparava um bom café da manhã", lembra a senhora. "Muita gente se formou ali em casa".
Olga mantém ainda em sua casa uma biblioteca particular e garante: nunca se afasta dos livros. "Passo horas lendo. Nunca parei de estudar. Assisto também muitos documentários", conta a senhora, que no Marajó foi aluna do Educação e Jovens e Adultos (EJA), da rede pública de ensino.
Residente de uma comunidade pequena da região marajoara, Olga presta ajuda àqueles que não sabem ler nem escrever. "Muita gente é analfabeta ali, então eles vem me pedir ajuda para ler uma receita de remédio, para preencher documentos, para ler cartas", diz.
Sobre o futuro, Olga faz planos: "Quero escrever dois livros e seguir estudando, sempre".
Fonte: G1
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