Chico Pinto/Boa Ventura Online - Além de imoral é casuística a tentativa do Congresso
Nacional de alterar dispositivo da Lei da Ficha Limpa, para beneficiar
gestores com contas rejeitadas pelos órgãos fiscalizadores. Trata-se,
sem nenhuma dúvida, de um ato que diminui, apequena e desabona a conduta
dos parlamentares.
Se esta tentativa absurda, realmente
ocorrer, conforme dados do Ministério Público Federal, vários recursos
interpostos juntos ao Supremo Tribunal Federal contra decisões do
Tribunal Superior Eleitoral, que liberou candidaturas de ordenadores de
despesas com balanços contábeis reprovadas pelos Tribunais de Contas,
seriam prejudicados.
Tendo
à frente o deputado petista Cândido Vaccareza, um grupo de deputados
federais tenta modificar a legislação eleitoral em vigor, visando
abrandar a Lei da Ficha Limpa para facilitar a vida de gestores que
tiveram contas reprovadas. Estão querendo aprovar a matéria até o final
de junho.
Esta absurda e inconsequente proposta, de pronto, esvazia o poder dos Tribunais de Contas, passando
o poder de decidir para as casas legislativas, ou seja, o próprio
Congresso, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais. A
palavra final sobre as irregularidades nos balanços contábeis dos chefes
dos executivos seria dada pelas respectivas casas legislativas.
Além de temeroso devido o alto grau de comprometimento entre os legisladores e os gestores a medida, caso seja aprovada irá
desfigurar, impiedosamente, a Lei da Ficha Limpa, que preceitua que “os
gestores que tiverem suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas se
tornam inelegíveis pelos oito anos seguintes, contando a partir da data
da decisão.
Com
novo texto, os chefes do Poder Executivo federal, estadual e municipal,
só se tornam inelegíveis se as contas foram rejeitadas pelas
respectivas Casas Legislativas, o que só irá beneficiar políticos
corruptos.
Tanto
o Judiciário como o Ministério Público devem ficar atento a este
“desvio de conduta” por parte do grupelho parlamentar, por se tratar de
uma tentativa de golpe contra a Lei da Ficha Limpa, pois, a grande parte
daqueles que se tornam inelegíveis é justamente porque tiveram contas
rejeitadas pelos tribunais.
“Como
é público e notórias Câmaras de Vereadores não rejeitam conta de
ninguém. Essa mudança aposta na volta da impunidade”, reage o juiz
Marlon Reis, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa.
Fica
claro e bastante evidente que o casuísmo pretendido, além de absurdo,
visa desmoralizar a Lei da Ficha Limpa, que foi produto de um movimento
cívico e, agora, a sociedade não foi convocada para avaliar essas
mudanças.
Chico Pinto/BoaVenturaOnline
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