É preciso agir rapidamente para reduzir a quantidade de lixo espacial em
volta da Terra, que pode contaminar algumas órbitas nas próximas
décadas, afirmaram especialistas internacionais após uma reunião
realizada nesta quinta-feira (25) na Alemanha.
Restos de foguetes, satélites antigos, ferramentas deixadas para trás
pelos astronautas são os vestígios de quase cinco mil lançamentos desde o
início da era espacial e que, sob o efeito de deslocamentos e impactos
em série (Síndrome de Kessler), não param de se multiplicar.
Desde 1978, a quantidade de lixo espacial triplicou, o que aumenta o
risco de colisões, advertiu o diretor do departamento de lixo espacial
da Agência Espacial Europeia (ESA), Heiner Klinkrad. "Em algumas poucas
décadas, este entorno poderá ficar instável", afirmou Klinkrad durante a
6ª Conferência Europeia sobre Lixo Espacial, realizada em Darmstadt.
Atualmente, há mais de 23 mil fragmentos de lixo com mais de 10
centímetros - segundo estimativas da agência espacial americana (Nasa)
e da ESA -, a maioria em órbitas baixas (abaixo dos 2 mil km),
utilizadas por satélites de observação da Terra ou pela Estação Espacial
Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Quanto aos objetos entre um e dez centímetros, haveria centenas de
milhares no espaço. Embora tenham aparência inofensiva, estes
fragmentos, lançados a uma velocidade média de 25.000 km/h, podem
avariar um satélite, afirmam os especialistas.
Em média, a cada ano a Estação Espacial Internacional deve fazer uma
manobra para evitar uma potencial colisão. E, segundo a ESA, a cada
semana uma dúzia de objetos se aproximam a menos de 2 km de um satélite.
Riscos ao programa espacial:
As zonas mais afetadas são as órbitas polares situadas entre 800 e 1.200 km de altitude sobre a superfície terrestre, áreas onde se concentram vários satélites de observação.
As zonas mais afetadas são as órbitas polares situadas entre 800 e 1.200 km de altitude sobre a superfície terrestre, áreas onde se concentram vários satélites de observação.
Se os lançamentos continuarem no ritmo atual e nada for feito para
reduzir a quantidade de resíduos espaciais, o risco de colisão pode ser
multiplicado por 25, segundo projeções das agências espaciais.
Pior ainda, se atualmente os lançamentos fossem imediatamente suspensos,
o número de objetos no espaço continuaria aumentando como consequência
do "efeito Kessler". Para tratar este problema, é preciso colocar
sistematicamente os satélites desativados em vias especiais, onde
acabarão se desintegrando na alta atmosfera terrestre, sem causar
inconvenientes.
É preciso ainda retirar do espaço os fragmentos grandes, 5 a 10 por ano,
a fim de estabilizar a situação, recomendaram os especialistas. "Há um
forte consenso sobre a necessidade urgente de agir rapidamente para
retirar estes resíduos", afirmou Klinkrad no encerramento da conferência
de Darmstadt, que reuniu 350 atores da indústria espacial.
Para alcançar este objetivo, a ESA, junto com outras agências espaciais,
estudam várias soluções para desviar a trajetória dos resíduos à
atmosfera: braços mecânicos, pinças gigantes, motores instalados nos
resíduos, arpões, redes de reboque ou uma arma para bombear o objeto e
mudar seu curso.
Tudo isso implica um custo, mas é inferior ao que custaria a destruição
dos satélites devido a um choque contra estes resíduos (ao redor de US$
100 bilhões). Mas na melhor das hipóteses, essas "missões de limpeza"
não começarão antes de dez anos.
Globo.com
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